Conheci Yogi Bhajan no solstício de verão em 1997, celebrado nas planícies do ensolarado deserto do Novo México, tendo ao longe a cadeia de montanhas geladas do Monte Jemez. Homem muito grande e alto, quase gigante, impressionava pelo vigor astral e a presença carismática. Reunia naquela época em torno de si umas 7 mil pessoas de todos os recantos do mundo e de todos os estados americanos. Era uma rotina que aos olhos dos outros parecia duríssima. Acordávamos às 3 horas da manhã com uma voz cantando que me pareceu de um anjo, tocando violão, uma espécie de hino às primeiras horas da madrugada, por entre as tendas do gigantesco acampamento. Tomávamos uma ducha poderosa, gelada. Depois caminhávamos em bandos ou em pequenos grupos, alguns solitários carregando mantas, peles de carneiro e outras tralhas contra o frio, em direção a tenda mor. Às quatro horas em ponto começava-se a recitar o Jap Ji, oração entoada de forma oriental na língua gurumuhki. Em seguida praticávamos 40, 50 minutos de exercícios yóguicos, depois cantávamos um ciclo de mantras por duas horas.
Aquela profunda intimidade entre milhares de pessoas, entregues amorosamente a atividades tão humanas como a respiração, o exercício cadenciado e o canto devocional, o dourado deslumbrante do amanhecer se descortinando ao nosso redor, desencadeou uma nova e celestial espécie de felicidade no coração. Tudo era mega. Como ele, Yogi Bhajan, um disciplinador de almas, rebeldes ou passivas, pleno de amor, paciência e fé. O solstício está entre as mais poderosas e genuínas emoções da minha vida.
E aquela rotina, aparentemente duríssima, revelou-se durante aqueles maravilhosos doze dias, extremamente alegre, movimentada além de uma profunda viagem ao auto conhecimento humano.
Yogi Bhajan nasceu em 26 de agosto de 1929 em Kot Harkarn, atual Paquistão. Aos 16 anos foi declarado Mestre de Kundalini Yoga pelas mãos do Mestre Sant Hazara Singh, tornando-se também Mestre em Hatha Yoga. Depois de concluir seus estudos de economia na Universidade do Punjab ingressou no serviço público passando a exercer postos de responsabilidade. Casado, aos 39 anos deixou a Índia indo para o Canadá. Depois de alguns meses chegou em Los Angeles. Lá, encontrando uma turma de jovens hippies, os buscadores espirituais da época, reconheceu que a experiência de expansão da consciência que eles estavam procurando através das drogas, poderia ser vivenciada pela Ciência da Kundalini Yoga.
De forma modesta e humilde começou a ensinar em garagens, loja de móveis usados, salas emprestadas, centros culturais. O Yogi era um ímã e logo muitos começaram a freqüentar suas aulas. Ensinava yoga, meditação, filosofia yóguica, auto aceitação, amor. Logo estabeleceu uma alternativa à cultura da droga. Em pouco tempo ensinava em colégios, universidades e aceitava convites para ensinar noutras cidades americanas.
Tornou-se uma figura emblemática na vida política dos EUA, presente em movimentos internacionais pela paz, pela educação, pela elevação da mulher e pela divulgação de valores espirituais em todo mundo. Criou a Fundação 3HO, sem fins lucrativos e sob sua direção a 3HO invadiu o mundo. Tornou-se membro das Nações Unidas representando vários assuntos.
A KUNDALINI YOGA tornou-se uma metodologia aberta ao ocidente por Yogi Bhajan em 1969. Ele foi o único Mestre vivo do planeta em Tantra Yoga Branco. Muitos de seus seguidores adotam a religião Sikh, onde são guiados pela sabedoria de Dez Gurus, usam roupas brancas, turbantes e cabelos sem corte, simbolizando a natureza pura, sábia e natural do ser humano.
Sotanter Kaur